sábado, 26 de abril de 2008

realidade, conceito caso a caso
realidade caso a caso
ou simplesmente
realidade ao acaso


A Análise do Ciclo de Vida para o Meio Ambiente é um instrumento de apoio ao projeto e gestão para o desenvolvimento sustentável, em que se dá a oportunidade de inclusão de critérios socioecológicos na concepção e desenvolvimento de produtos e processos de produção.

A Análise se propõe a abordar o ciclo completo da vida do produto. É a chamada análise “do berço ao túmulo” (cradle-to-grave). O objeto do estudo em uma ACV então não é limitado a um produto, mas estende-se ao sistema de produção e consumo que se estabelece em função de sua existência.


São importantes os conceitos de subjetividade e incerteza nos quais está submersa uma análise ambiental, especialmente no cenário de gestão empresarial contemporâneo, principal contexto de aplicação das Análises de Ciclo de Vida. Esses conceitos mostram-se fundamentais para a interpretação dos resultados de análises ambientais em geral.


No decorrer do texto da tese descrevo e comento os procedimentos para a realização da ACV, com base nas normatizações internacionais mais importantes. Porém mais que nada critico as metodologias pela sensibilidade dos resultados às hipóteses assumidas e aos modelos aplicados.

A solução? Transparência. Como veremos...

DESENVOLVIMENTO E ECOLOGIA
NO MUNDO EM QUE VIVEMOS

O crescimento da Economia como é entendido hoje, traz consigo "efeitos colaterais" ao Homem e ao Ambiente. É evidente o paradoxo entre o modo de produção capitalista e a sustentabilidade dos sistemas ecológicos naturais e sócio-culturais - o desenvolvimento visto como crescimento, a exploração máxima dos recursos, a globalização dos mercados, em contraposição à conservação dos recursos naturais, à valorização da biodiversidade e da diversidade sóciocultural. Vamos falar aqui sobre como pensar Desenvolvimento Econômico e Conservação Ambiental - Economia e Ecologia - como conceitos afins, não como conceitos antagônicos, mas com um único objetivo: o benefício do Homem.

As críticas ao estilo de desenvolvimento da sociedade urbano-industrial dizem respeito principalmente à excessiva valorização dos produtos industriais da sociedade, em detrimento de valores humanos ou ecológicos. Como bem diz Sachs:

“... a teoria econômica convencional incidiu em uma posição reducionista, argumentando que o cálculo econômico é a melhor aproximação a um instrumento cientificamente sólido para a tomada racional de decisão, como se objetivos sociais complexos pudessem ser escolhidos por meio da otimização de custos e maximização de lucros ... ”

Ignoram-se os custos dos bens naturais, tidos como abundantes para fins de planejamento de políticas de desenvolvimento. Mas não são infinitos.

Hoje os países em desenvolvimento enfrentam barreiras antes inexistentes na tentativa de reproduzir os padrões de crescimento dos países ricos, que se deu em contexto diverso. Questões como consumos energéticos, resíduos, rejeitos industriais, escassez de recursos, entre outras, levantam os limites à sustentabilidade desses padrões. Torna-se impossível proporcionar os benefícios alcançados pelos países ricos ao resto do mundo.

É necessária uma renovação conceitual da teoria econômica, para que dê conta dessas contradições e dos efeitos ambientais globais emergentes.

Inicia-se um pensamento de transformação dos padrões sociais e econômicos, para a criação de um novo modelo de civilização. A proposta é buscar soluções para os problemas ecológicos através da criação de uma sociedade igualitária e da revisão dos objetivos da ciência econômica.

O modelo de desenvolvimento industrial aposta (destaca-se a questão do risco) na solução desses problemas ambientais através de inovações tecnológicas, porém sem redirecionar ou redimensionar os ritmos de exploração de recursos e nem tampouco dar conta dos resíduos produzidos. Ouvimos campanhas pela reciclagem, mas dificilmente por consumir menos!

Encontramo-nos no momento da redefinição de paradigmas econômicos a fim de embasar uma nova teoria que permita a retomada de um crescimento em bases econômicas, tecnológicas, humanas e ecológicas.

Apenas a reflexão sobre o sentido fundamental da existência da humanidade pode direcionar nossos passos no sentido da criação de uma sociedade melhor, onde se busque simples e explicitamente a felicidade de todos. Se a questão é melhorar a qualidade de vida do homem, então precisam ser discutidos participativamente quais critérios exatamente determinam a "melhor qualidade". Será o acúmulo de bens? Ou o bem estar social? Nesta discussão devem ser colocadas as questões sobre objetivos de vida individuais e coletivos, indagando sobre os valores que motivam o "desenvolvimento". E que estejam claras suas consequências.

Para a transição para um Desenvolvimento Sustentável são propostas medidas que implicam em custos que precisam ser distribuídos internacionalmente. Talvez proporcionalmente à maior ou menor responsabilidade sobre os efeitos ambientais e uso dos recursos naturais a nível mundial, e segundo condições econômicas e sociais que caracterizam os diferentes blocos de países.

Os mecanismos naturais de regulação do mercado internacional não dão conta dessa transição. Devem ser desenvolvidos instrumentos de regulação como normatizações, acordos ou códigos de conduta, assegurando um sistema de trocas internacional justo. A exemplo disso elaborou-se a Agenda 21, que foi o documento proposto em 1992 pelas Nações Unidas, um compromisso para a tomada do Desenvolvimento Sustentável.

Porém, transformações nessas proporções não podem ocorrer sem uma profunda revolução cultural e política. A liberdade do homem associada ao cuidado com seu próximo e com a natureza, a Ecologia e a Economia, assim como as demais Ciências, só fazem sentido se concorrerem para o bem-estar do Homem. Se este projeto não é viável hoje, mas desejado para as próximas gerações, é momento de serem dados os primeiros passos.